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SÉRGIO REIS SILVA, O SANY PITBULL - FUNK CONSCIENTE E COM MUITO BALANÇO




DJ Sany Pitbull

20/09/10

Por Carolina Nunes

Sérgio Reis Silva, 41, pai de João Vitor, de três anos, morador de São Cristóvão. Ficou difícil descobrir quem é? Conhecido como Sany Pitbull, um dos DJs brasileiros mais reconhecidos internacionalmente, ele carrega com o apelido uma história de vida que muita gente desconhece.

O interesse pela música surgiu ainda criança. E não era um tipo ou outro, eram vários: a mãe, baiana, ouvia Donna Summer, Abba e Bee Gees. O pai, catarinense, era chegado à música sertaneja, o tio era diretor de escola de samba e os primos, metaleiros, ouviam Iron Maiden e Black Sabbath. “Quando acordava domingo de manhã, sabia quem estava cozinhando pela música que tocava”, diz Sany.

Ao mudar de Nova Iguaçu para São Cristóvão, em 1983, Sany queria se enturmar e foi levado ao baile do clube Magnatas, no Rocha. “Lá fui apresentado ao funk. Mas não o funk que muita gente conhece hoje, e sim o funk vindo de Miami, música tipicamente negra norte-americana. Naquela época, as músicas da moda não tocavam nas rádios, eu tinha que ir ao baile para ouvir. Então, comecei a frequentar”.

Naturalmente extrovertido, Sany ficou amigo do DJ. “O combinado era comprar uma batida para ele e, em troca, o Marcão me deixava ficar na cabine e entrar de graça na festa. Aos poucos, fui conquistando a confiança do cara e ele gravou umas fitas pra mim”.

Sany começou a tocar nas festinhas do colégio e o trabalho como profissional surgiu naturalmente. Em 1985 já tocava em casamentos e, com o dinheiro, começou a comprar discos e virou colecionador.

A explosão do funk

Com o sucesso do funk na década de 1990 e o surgimento de todo tipo de grupo de comunidades cariocas, Sany foi chamado para trabalhar como empresário do “Bonde do Vinho” e produziu artistas como Bonde do Tigrão, Tati Quebra Barraco, MC Serginho, entre outros. Em 2005, cansado do cenário que estava vivenciando, Sany se afastou do trabalho de produtor. “Sou contra o funk apelativo, sem preparo. As pessoas fazem música hoje querendo sucesso no dia seguinte. Os programas só levam à TV mulheres quase nuas, isso acaba rotulando o movimento. Antes o sexo não era tão explícito nas letras. Eu me afastei desse lance de ser empresário porque vi que o mercado queria algo que eu não estava gostando de fazer. Não posso levar uma música para rua que eu tenha vergonha de mostrar para o meu filho e para minha mãe dentro de casa”, destaca o DJ.

A batida de Sany é reconhecida internacionalmente

Diante disso, Sany voltou tocar e conheceu a fotógrafa Adriana Pittigliani, que apresentou o trabalho do DJ a jornalistas de outros países. O estilo único de Sany, com recortes de músicas com batidas de funk, enlouqueceu os gringos nos mais diversos países. “Eu sabia que se pegasse uma música brasileira e misturasse com batidas de funk, eles não iriam se identificar, então resolvi usar clássicos internacionais e mesclar a batida. O pessoal ficava alucinado ouvindo “Satisfaction”, do Rolling Stones, com ritmo brasileiro”. Da Finlândia a Portugal, passando por França, Itália, Alemanha, Noruega, Suécia, República Tcheca e Estônia, Sany faz pelo menos duas turnês por ano. Na próxima, durante 45 dias, Sany vai passar por dez países.

“Misturo batidas de funk com música eletrônica, chorinho, MPB e rock. Não tenho critério. Algumas pessoas me criticam um pouco, dizem que eu estou misturando demais, que estou abandonando o funk, mas não é verdade, quero mostrar que tudo pode ficar bom. Os ritmos podem andar juntos. Se eu sou negro, por exemplo, também posso gostar de rock, namorar uma loirinha, sem preconceito. Me sinto à vontade”, diz Sany.

Paralelamente a isso, Sany é coordenador de um curso para DJs dentro de uma ONG do grupo Afroreggae. “Tenho alunos de 14 a 35 anos e a maioria chega lá com o funk na cabeça, mas nas aulas eu tento tocar o que eles ainda não conhecem. Digo sempre aos meninos que eles não podem se rotular como DJs de funk apenas, é preciso abrir a mente. O software que eu uso com eles é o mesmo que utilizo para fazer trilhas sonoras. Tento mostrar que eles têm diversas possibilidades”.

A vida não é feita de traçados perfeitos e a de Sany não poderia ser diferente. Algumas coisas aconteceram por destino, sorte, nem ele mesmo sabe explicar, mas o codinome Pitbull, por exemplo, foi um acaso. Sany começou a trabalhar com a equipe de som “Pitbull” e durante uma entrevista a jornalistas estrangeiros, um repórter sueco se enganou e escreveu uma nota apresentando o DJ com o nome errado. E a moda pegou. “Garanto que de pitbull não tenho nada”, diverte-se Sany Pitbull.

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