Por Mônica Vitória
Uma revolução silenciosa. Foi assim que o coordenador do curso de programação do Colégio Estadual José Leite Lopes, o NAVE (Núcleo Avançado em Educação), descreveu a iniciativa inovadora de dois estudantes da unidade escolar. Lucas Amorim e Danilo Miranda, alunos do 3º ano do Ensino Médio, montaram um grupo com outros colegas e desenvolveram um jogo eletrônico, o Soul Keeper. Animados, já estão com mais planos e projetos em andamento, criando novos games e tentando disponibilizá-los em redes como Xbox Live, App Store e Android Market (plataformas de jogos online e download de aplicativos).
A Oi Futuro, parceira da Seeduc na criação do NAVE, e o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) estão ajudando os alunos nessa empreitada. O objetivo é conseguir as licenças necessárias para permitir que eles – e outras pessoas – lancem seus produtos nessas plataformas. Aplicando os conhecimentos que adquiriram na escola, Lucas e Danilo já estão se jogando no mercado tecnológico antes mesmo de saírem do Ensino Médio. Confira abaixo a entrevista que o Conexão Aluno fez com eles!
Conexão Aluno (CA): O que é a “Infinite Ways”?
Danilo Miranda: Foi um grupo que criamos para participarmos de uma competição interna do colégio, chamada “Challenge”. Como gostamos de trabalhar com programação de jogos, decidimos continuar com o grupo profissionalmente.
Lucas Amorim: É uma equipe de desenvolvedores independentes que ainda está sendo formada. O foco da Infinite Ways é desenvolver jogos, mas também desenvolvemos outros softwares.
CA: Como e por que surgiu esse projeto?
Lucas: Conhecemos alguns artistas em um evento que aconteceu na Fundação Getúlio Vargas, o “Gamerama”. Gostamos dos artistas e precisávamos deles, e eles precisavam de programadores. Marcamos de participar de uma competição (a “Ludum Dare”), em que um grupo, em apenas três dias, desenvolve um jogo de acordo com o tema dado.
Danilo: Nós desenvolvemos um jogo chamado “Soul Keeper”.
CA: Como foi o processo de criação do jogo? Quem mais participou?
Danilo: Todo o nosso grupo, formado por nós dois e mais três artistas, pensou na ideia e no roteiro. Esses três artistas ficaram responsáveis pelo design, e o Lucas e eu pela programação.
Lucas: O Danilo Miranda programou e atuou como game designer; a Hannah Cardoso fez os concepts (criação, conceito) das armadilhas, bolou a interface do jogo e atuou como game designer; eu programei e atuei também como game designer; o Lucas Thiers fez animações e concepts do personagem, fez o Level Design e atuou como game designer; e o Pedro Thiers atuou como gerenciador do projeto e game designer, além de fazer o balanceamento e ajudar no Level Design.
CA: O que vocês queriam com o game? E o que os inspirou a perseguir esse objetivo?
Danilo: Nosso objetivo era só finalizar o jogo e entregar mesmo, mas como o jogo foi ficando maneiro, bonito e divertido, nos inspirou a prosseguir e fazê-lo ainda melhor. Mas o que empolgou mesmo a mim e ao Lucas foi a arte do jogo, pois nunca tínhamos trabalhado com artistas, e o design estava ficando muito bom. Isso fez com que acreditássemos que era possível fazer um jogo completo.
Lucas: Nós queríamos provar que conseguiríamos fazer um jogo bom em três dias e mostrar nosso trabalho. O que nos inspirou foi o desafio e também a sensação de ter um primeiro jogo bonito, com uma arte nossa.
CA: Vocês pretendem disponibilizar este jogo no XBox Live, certo? Como está esse processo?
Lucas: Sim, só vamos fazer uns ajustes, botando mais fases etc.
Danilo: Não conseguimos finalizar ele ainda porque estávamos em época de provas e elaborando uma palestra que demos no NAVE. Mas pretendemos criar mais fases e até o final do ano disponibilizá-lo no Xbox Live.
CA: E vai ser de graça?
Danilo: Sim. Pretendemos disponibilizar ele gratuitamente, pois, nesse momento, queremos colocar o jogo no mercado e fazer nome.
Lucas: Queremos apenas mostrar que podemos fazer um bom jogo e que levamos a coisa a sério.
CA: Pretendem lançar outros games? O que vai rolar no futuro?
Lucas: Sim, com certeza! Já temos projetos em andamento para publicar na App Store (rede de downloads da Apple) e Android Market. Vamos seguir com a Infinite Ways.
Danilo: Até o final do ano publicaremos um jogo na App Store.
CA: Para vocês, pessoalmente, o que esta conquista significa?
Lucas: Significa muito. Representa um retorno do que fiz, não exatamente com esse objetivo, mas o que fiz para mostrar que sou capaz e de me provar isso. Hoje, vejo que me dedicar, me esforçar para ser alguém na vida, valeu a pena. A cada conquista que alcanço, vejo que estou crescendo e começo a perceber as opções que se abriram na minha vida. Consigo ver também que terei cada vez mais obstáculos e que estou pronto para enfrentá-los.
Danilo: Essa conquista significou muito para mim, pois busquei muito isso, me dediquei dias e dias, estudando de madrugada para aprender programação e alcançar o que eu alcancei até agora.
CA: O que vocês pensam da ideia de alunos do Ensino Médio, da rede pública, terem a capacidade e a oportunidade de concretizar um projeto como este – coisa que muitos profissionais com ensino superior não conseguem?
Lucas: Acho que é aceitável e ótimo. Com tantos meios de se obter conhecimento hoje, as pessoas, quando esforçadas, alcançam coisas que outras pensam ser impossíveis. As escolas públicas estão melhorando. O NAVE também contribuiu muito para eu saber o que sei hoje, lá há professores super qualificados, que gostam do que fazem e são muito competentes. Acho que as escolas públicas do Rio de Janeiro, e até mesmo do Brasil inteiro, deveriam ser como o C.E. José Leite Lopes.
Danilo: É sensacional, pois todos acham que alunos da escola pública não têm capacidade nem dedicação para fazer projetos profissionais, e isso mostra a todos que é possível, basta apenas se dedicar para as coisas acontecerem.
CA: O que vocês vão levar das experiências do Ensino Médio e do NAVE?
Lucas: Vou levar só bons momentos – momentos em que descobri o que é um amigo, momentos de virar noites para entregar um trabalho ou terminar um projeto, e momentos de conseguir algo com meus esforços.
Danilo: Nesses três anos de Ensino Médio que cursei no NAVE, aprendi muito. Com os professores, dispostos a ensinar e ajudar no que fosse preciso; com os coordenadores, sempre presentes e dando apoio tanto moral quanto técnico, e, principalmente, com os amigos que nunca me deixaram abater e sempre me incentivaram a continuar. Levarei comigo para sempre essas pessoas, que me ensinaram a buscar meu sonho, mesmo parecendo impossível.
Uma revolução silenciosa. Foi assim que o coordenador do curso de programação do Colégio Estadual José Leite Lopes, o NAVE (Núcleo Avançado em Educação), descreveu a iniciativa inovadora de dois estudantes da unidade escolar. Lucas Amorim e Danilo Miranda, alunos do 3º ano do Ensino Médio, montaram um grupo com outros colegas e desenvolveram um jogo eletrônico, o Soul Keeper. Animados, já estão com mais planos e projetos em andamento, criando novos games e tentando disponibilizá-los em redes como Xbox Live, App Store e Android Market (plataformas de jogos online e download de aplicativos).
A Oi Futuro, parceira da Seeduc na criação do NAVE, e o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife (Cesar) estão ajudando os alunos nessa empreitada. O objetivo é conseguir as licenças necessárias para permitir que eles – e outras pessoas – lancem seus produtos nessas plataformas. Aplicando os conhecimentos que adquiriram na escola, Lucas e Danilo já estão se jogando no mercado tecnológico antes mesmo de saírem do Ensino Médio. Confira abaixo a entrevista que o Conexão Aluno fez com eles!
Conexão Aluno (CA): O que é a “Infinite Ways”?
Danilo Miranda: Foi um grupo que criamos para participarmos de uma competição interna do colégio, chamada “Challenge”. Como gostamos de trabalhar com programação de jogos, decidimos continuar com o grupo profissionalmente.
Lucas Amorim: É uma equipe de desenvolvedores independentes que ainda está sendo formada. O foco da Infinite Ways é desenvolver jogos, mas também desenvolvemos outros softwares.
CA: Como e por que surgiu esse projeto?
Lucas: Conhecemos alguns artistas em um evento que aconteceu na Fundação Getúlio Vargas, o “Gamerama”. Gostamos dos artistas e precisávamos deles, e eles precisavam de programadores. Marcamos de participar de uma competição (a “Ludum Dare”), em que um grupo, em apenas três dias, desenvolve um jogo de acordo com o tema dado.
Danilo: Nós desenvolvemos um jogo chamado “Soul Keeper”.
CA: Como foi o processo de criação do jogo? Quem mais participou?
Danilo: Todo o nosso grupo, formado por nós dois e mais três artistas, pensou na ideia e no roteiro. Esses três artistas ficaram responsáveis pelo design, e o Lucas e eu pela programação.
Lucas: O Danilo Miranda programou e atuou como game designer; a Hannah Cardoso fez os concepts (criação, conceito) das armadilhas, bolou a interface do jogo e atuou como game designer; eu programei e atuei também como game designer; o Lucas Thiers fez animações e concepts do personagem, fez o Level Design e atuou como game designer; e o Pedro Thiers atuou como gerenciador do projeto e game designer, além de fazer o balanceamento e ajudar no Level Design.
CA: O que vocês queriam com o game? E o que os inspirou a perseguir esse objetivo?
Danilo: Nosso objetivo era só finalizar o jogo e entregar mesmo, mas como o jogo foi ficando maneiro, bonito e divertido, nos inspirou a prosseguir e fazê-lo ainda melhor. Mas o que empolgou mesmo a mim e ao Lucas foi a arte do jogo, pois nunca tínhamos trabalhado com artistas, e o design estava ficando muito bom. Isso fez com que acreditássemos que era possível fazer um jogo completo.
Lucas: Nós queríamos provar que conseguiríamos fazer um jogo bom em três dias e mostrar nosso trabalho. O que nos inspirou foi o desafio e também a sensação de ter um primeiro jogo bonito, com uma arte nossa.
CA: Vocês pretendem disponibilizar este jogo no XBox Live, certo? Como está esse processo?
Lucas: Sim, só vamos fazer uns ajustes, botando mais fases etc.
Danilo: Não conseguimos finalizar ele ainda porque estávamos em época de provas e elaborando uma palestra que demos no NAVE. Mas pretendemos criar mais fases e até o final do ano disponibilizá-lo no Xbox Live.
CA: E vai ser de graça?
Danilo: Sim. Pretendemos disponibilizar ele gratuitamente, pois, nesse momento, queremos colocar o jogo no mercado e fazer nome.
Lucas: Queremos apenas mostrar que podemos fazer um bom jogo e que levamos a coisa a sério.
CA: Pretendem lançar outros games? O que vai rolar no futuro?
Lucas: Sim, com certeza! Já temos projetos em andamento para publicar na App Store (rede de downloads da Apple) e Android Market. Vamos seguir com a Infinite Ways.
Danilo: Até o final do ano publicaremos um jogo na App Store.
CA: Para vocês, pessoalmente, o que esta conquista significa?
Lucas: Significa muito. Representa um retorno do que fiz, não exatamente com esse objetivo, mas o que fiz para mostrar que sou capaz e de me provar isso. Hoje, vejo que me dedicar, me esforçar para ser alguém na vida, valeu a pena. A cada conquista que alcanço, vejo que estou crescendo e começo a perceber as opções que se abriram na minha vida. Consigo ver também que terei cada vez mais obstáculos e que estou pronto para enfrentá-los.
Danilo: Essa conquista significou muito para mim, pois busquei muito isso, me dediquei dias e dias, estudando de madrugada para aprender programação e alcançar o que eu alcancei até agora.
CA: O que vocês pensam da ideia de alunos do Ensino Médio, da rede pública, terem a capacidade e a oportunidade de concretizar um projeto como este – coisa que muitos profissionais com ensino superior não conseguem?
Lucas: Acho que é aceitável e ótimo. Com tantos meios de se obter conhecimento hoje, as pessoas, quando esforçadas, alcançam coisas que outras pensam ser impossíveis. As escolas públicas estão melhorando. O NAVE também contribuiu muito para eu saber o que sei hoje, lá há professores super qualificados, que gostam do que fazem e são muito competentes. Acho que as escolas públicas do Rio de Janeiro, e até mesmo do Brasil inteiro, deveriam ser como o C.E. José Leite Lopes.
Danilo: É sensacional, pois todos acham que alunos da escola pública não têm capacidade nem dedicação para fazer projetos profissionais, e isso mostra a todos que é possível, basta apenas se dedicar para as coisas acontecerem.
CA: O que vocês vão levar das experiências do Ensino Médio e do NAVE?
Lucas: Vou levar só bons momentos – momentos em que descobri o que é um amigo, momentos de virar noites para entregar um trabalho ou terminar um projeto, e momentos de conseguir algo com meus esforços.
Danilo: Nesses três anos de Ensino Médio que cursei no NAVE, aprendi muito. Com os professores, dispostos a ensinar e ajudar no que fosse preciso; com os coordenadores, sempre presentes e dando apoio tanto moral quanto técnico, e, principalmente, com os amigos que nunca me deixaram abater e sempre me incentivaram a continuar. Levarei comigo para sempre essas pessoas, que me ensinaram a buscar meu sonho, mesmo parecendo impossível.
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